Thursday, August 28, 2008

Lufthansa: De Económica a Primeira classe

(Escusado será dizer que é este tipo de estratégia que torna a Lufthansa numa das melhores companhias aéreas do mundo)

Na primeira classe temos, claro, e à semelhança do que acontece na classe business, ou, em bom português, executiva, se semelhança fosse o termo correcto, o estojo de higiene. A questão é que os estojos da primeira classe são duros, produzidos pela Rimowa, aquele marca de malas de viagem caríssima, sabem? Dentro do estojo vem, como no miserável estojo da executiva, para além da pasta e da escova dos dentes, uma calçadeira para os sapatos, um pente quase de marfim, um moisture (não sei como se diz em português porque não tenho por hábito usar estas pomadas) para aplicar nos lábios, tampões para os ouvidos e, a tradicional venda para os olhos só que vamos lá ver, o elástico é tão grosso que dá para fazer fisgas para ir aos pássaros. É importante referir esta diferença no elástico porque esta venda almofadada encaixa que nem uma luva, não sai dos olhos nem por nada, nem magoa um bocadinho.
Aparte: Neste momento o avião está a mover-se para levantar voo e ninguém me veio chatear para desligar o computador. Claro… não me vou fazer rogado e vou mesmo permanecer com ele ligado. Afinal isto dos equipamentos electrónicos é um mito, não? O cinto, também ninguém mo pediu para apertar, vá-se lá saber porquê… isto é um mundo à parte!
Bem, continuando… Para além do tradicional estojo, coisa de pobre, na primeira classe é ainda oferecido, vamos por parte, um outro estojo com um par de meias e uns chinelos de quarto, fabulosos, e…
Acabam de me perguntar se não me importo de desligar o computador e, como é óbvio, depois do que escrevi até aqui, de me estragarem este excelente texto. Já volto…
O espaço é muito mais arejado do que a área executiva, apercebi-me depois da demonstração de segurança personalizada apresentada pela hospedeira. Só para termos uma ideia, em primeira classe existem 8 lugares apenas, cada lugar tem direito a 4 janelas. Dá quase para um homem de 3 metros, mais ou menos. Neste voo viajo eu e mais 5 pessoas em primeira classe. Têm todos aspecto de alemães. Eu sou, não tanto quanto antes, orgulhosamente tuga. Continuando com a descrição do espaço, e como comecei por dizer, apercebi-me do quão arejado era depois da hospedeira demonstrar como cairiam as máscaras de oxigénio em caso de acidente. Olhei para tecto do avião e, ainda mantenho os mesmos receios, duvido que haja cabo de ar que chegue de lá de cima cá baixo.
Acabam de me entregar um guardanapo quente para limpar as mãos, como acontece na executiva. Apenas um pormenor a realçar, na executiva o guardanapo não vem com uma folha de rosa vermelha num pires melhor do que a colecção vista alegre que algumas pessoas ostentam em suas casas. Aproveito também para dar a minha opinião estética sobre tal apresentação: O vermelho da pétala de rosa sobre o pires de puro branco dão uma classe extrema a todo o evento.
Logo de seguida entregam-me 2 menus, um dos vinhos e outro dos comes e bebes em três idiomas. Não vou entrar em muitos detalhes porque não quero perder nada do que passei, por intervenção sabe-se lá do quê, a ter direito. Da longa lista de vinhos onde não aparece um português, ao contrário da executiva onde às vezes somos presenteados com um bom vinho do Alentejo, escolho, para começar, um champagne rosé “Curvée Paradis Rosé, Champagne Alfred Gratien, Frankreich”. Correcção mesmo em cima do acontecimento do dado anterior: o champagne, afinal - também me podem estar a enganar, é uma verdade -, não é rosé, é branco e saboroso. Interrompo aqui a descrição para ter uma conversa com o comissário de bordo mor que me pretende explicar as diferenças entre as primeira classe e classe executiva. Já volto…
Para que se saiba, e porque fiquei agora também a saber, as principais diferenças podem ser resumidas da seguinte forma:
A primeira classe funciona como um restaurante onde podemos pedir e indicar as horas a que queremos ser servidos; Claro que a na executiva não servem caviar como entrada; Teoricamente, a lista de vinhos deveria ser melhor do que em executiva, o que discordo uma vez que falta aqui o vinho português; A cama, ou, mais correctamente, o assento, estica completamente tornando-se numa verdadeira cama; Basicamente, e para resumir as diferenças, a flexibilidade total está disponível para o cliente.
Agora que já inicio a janta posso também dizer que a mesa é mesmo uma mesa. A comida é mesmo servida como no restaurante, não vem em tabuleiros, e pormenor, temos direito a uma rosa vermelha como qualquer bom restaurante alemão costuma ter. Falta a vela acesa por motivos que são óbvios. Só nesta área temos 4 hospedeiras. Como já referi, viajamos 6 pessoas em primeira classe. Como sempre, toca-me a hospedeira mais velha e mais feia, pormenor. Outro aparte, estou a comer caviar e nem sei por onde começar. Já volto…
Já de papinho cheio e com o computador ligado à corrente eléctrica… A cozinheira é mesmo a mais bonita das hospedeiras. Tem os seus 45 anos numa cara bonita porque simétrica. É loira. Sobre a mesa tenho um saleiro e um pimenteiro que, se não houvessem coisas mais interessantes para se levar, iriam parar à minha cozinha.
Não me perdendo na descrição inicial que antecedeu toda esta série de apartes, e porque o champagne está a dar-me uma soneira, para além dos estojos referidos, há um que é o supra-sumo dos estojos: Um pijama completo só realizável nas melhores confecções portuguesas. É isto que vou levar para casa não levando os olhos da cozinheira.
Estou a ficar um pouco enjoado. Deve ser do champagne. Espero não vomitar. Vou dormir. Vou dormir com a ideia fixa de que se um dia for presidente de junta ou de outra instituição qualquer, será uma viagem destas que oferecerei aos meus conterrâneos. O livro “Antes que os demónios voltem”, de Óscar Quevedo, vai ter que esperar para outras viagens. São 2:10 em Portugal e 10:10 em New York. Para que se reconheça a minha empresa pagou-me uma viagem em económica. Eu estou a escrever na primeira classe… só possível nas grandes companhias como a Lufthansa.

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Saturday, August 23, 2008

Lili is the name for a flower...

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